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O 2º TURNO DAS ELEIÇÕES E OS TRABALHADORES

O 2º TURNO DAS ELEIÇÕES E OS TRABALHADORES
Por Suely Torres
 
2turno
(Foto: Paulo Rogério "Neguita")
 
O jogo nacional é duro e está sendo jogado, estamos no segundo turno das eleições. O debate central é da perspectiva de futuro para o povo brasileiro. A verdade é que os brasileiros ficaram em uma situação muito difícil.
 
De um lado um candidato que defende claramente a redução do papel do Estado, a redução de direitos trabalhistas com implementação das reformas trabalhista e previdenciária para cortar mais direitos da classe trabalhadora (mesmo sem ter sido eleito já declarou que vai acabar com o 13º Salário e com 1/3 das férias), ataques aos funcionários públicos e suas conquistas, cortes nos programas sociais como os de acesso a universidade e a moradia popular, bem como fala em estagnar os reajustes salariais e aumentar os lucros empresariais (dos patrões), prega o ódio contra os diferentes e oferece armas para população ao invés de educação.
 
Esse candidato tem demostrado que suas ideias são estranhas à democracia e ao Estado de Direito, com fortes conteúdos fascistas como, por exemplo, “o trabalhador tem que escolher entre ter direito ou ter trabalho.” Ora, à época do regime de escravidão, os escravos tinham apenas a obrigação de trabalhar e nada mais. É isso que esse candidato está propondo?
 
Além de prometer retirar mais direitos dos trabalhadores, esse tal candidato promete acabar com as suas organizações. Segundo ele “tem que diminuir e, de preferência, acabar com os sindicatos no Brasil.
 
É uma desgraça o sindicato no Brasil, é uma pequena minoria que vive da profissão para atazanar o proprietário.” Ou seja, os patrões. Ele, o candidato inominável, afronta à dignidade humana quando fala que ao visitar um quilombola em Eldorado Paulista, percebeu que o afrodescendente “mais leve lá pesava sete arrobas*” e que ele acha que “nem para procriar eles servem mais”. Ao debater com uma deputada no Salão Verde da Câmara ele disse “Eu não sou estuprador, mas, se fosse, não iria estuprar porque você não merece, é muito feia”.
 
Em um vídeo apresentado em um telão na Avenida Paulista no dia 21 de outubro, o candidato diz claramente que o Jornal A Folha de São Paulo, não terá mais verba publicitária do governo porque denunciou o gigantesco esquema de recursos financeiros de inúmeras empresas sua campanha via “caixa 2”.
 
Ele prefere ter um filho drogado a ter um filho gay. Que quando o filho “começa a ficar assim meio gayzinho, leva um coro ele muda o comportamento dele.” Diz que ele tem cinco  filhos, sendo quatro homens e que a quinta ele deu “uma fraquejada e veio mulher.” Diz que é favorável à tortura e que “o erro da ditadura foi torturar e não matar” e que na ditadura “deveriam ter sido fuzilados uns 30 mil, a começar pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.” Esse é o candidato que se diz preparado para comandar o país?
 
Do outro lado, temos o candidato que reafirma o fortalecimento do Estado enquanto indutor do desenvolvimento nacional, da geração de empregos, da retomada dos direitos trabalhistas, da afirmação de programas sociais como o fortalecimento da educação, do acesso a universidade, do fortalecimento de programas de habitação social, da revogação dos congelamentos nas áreas de saúde, educação e segurança e, retomar os investimentos nestas áreas para atender a classe trabalhadora, a defesa da indústria, enquanto indutora dodesenvolvimento e da geração de empregos, redução dos juros bancários para empresas etrabalhadores, possibilitando investimentos na produção e no consumo.
 
O problema é que esse candidato, que parece ser mais palatável aos interesses dos trabalhadores, pertence a um partido extremamente rejeitado, com fortes acusações de corrupção enquanto estava no poder. Isso tem gerado grande desconfiança do povo que,não sendo responsável por essa encruzilhada histórica, fica na drástica situação de ter que escolher a arma ao invés da educação.
 
A verdade é que a população está cansada de sofrer com a insegurança que tomou conta do país: assaltos, assassinatos e outras barbaridades que ocorrem principalmente nas periferias das grandes cidades. Mas, não será distribuindo armas para o povo que a questão da Segurança Pública será resolvida, ao contrário, o problema poderá ser agravado.
 
Infelizmente, o Estado brasileiro não consegue dar respostas para essas atrocidades, deixando a sociedade nas mãos de bandidos e traficantes. O Estado tem a obrigação de cuidar da segurança da população, cuidando das fronteiras para coibir a entrada de armas e drogas, trazendo a tranquilidade aos trabalhadores e ao povo.

*Arroba é antiga unidade de medida de peso de animais.