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DIA INTERNACIONAL DA MULHER: POUCO A COMEMORAR...

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                                                                                                    (foto: Paulo Rogério "Neguita")
 
Chegamos mais uma vez a esta data tão importante e merecedora de reflexão, o dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher! Parabéns pela força com que lutas diariamente contra os preconceitos que ainda existem; parabéns pela coragem e pela competência em fazer valer os teus direitos; parabéns pelo poder de transformar e de consolidar todas as conquistas já obtidas! Parabéns mulher!
 
DIA INTERNACIONAL DA MULHER:
POUCO A COMEMORAR E MUITO A LUTAR!
Matéria publicada no MetroNews - 09/03/2017
 
No dia 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Porém, desde que foi instituída essa data as mulheres de vários países dedicam esse dia para reivindicar seus direitos trabalhistas e as questões específicas de gênero. Essa é uma luta secular, onde as companheiras lutam contra a violência e a discriminação de gênero. 
No Brasil, infelizmente, as mulheres têm muitas questões que precisam ser enfrentadas no seu dia a dia, além da discriminação e da violência. A mulher trabalhadora, por exemplo, tem o salário menor que o dos homens, mesmo desempenhando funções iguais; a dupla jornada de trabalho não é considerada como trabalho exercido e, muito menos, como um excedente da carga horária realizada semanalmente por elas. 
Tanto na relação social como nas relações estabelecidas no mundo do trabalho, as mulheres estão sempre em desvantagem. E, para piorar, as inúmeras propostas de reformas apresentadas pelo governo eleva, ainda mais, a necessidade da luta das mulheres. Por exemplo, a proposta de igualar a idade mínima entre homens e mulheres para aposentadoria é perversa.
Sabemos que além do trabalho realizado profissionalmente, as mulheres dedicam outra parte do seu tempo para cuidar dos filhos, da casa e, muitas vezes, do marido. São responsáveis por executar várias funções domésticas e sociais que a elas foram designadas ao longo dos séculos.
As mulheres são fundamentais na luta em busca de um país melhor para os nossos filhos. A batalha contra a violência e a discriminação de gênero, a luta pela efetivação de políticas específicas de saúde para as mulheres, a construção de creches próximas aos locais de trabalho, a luta pela participação das mulheres na política que, de fato, leve ao empoderamento das companheiras, entre tantas questões são fundamentais para o desenvolvimento do Brasil e valorização do trabalho. 
A proposta da idade mínima entre homens e mulheres para aposentadoria é mais que cruel, pois, além de não levar em consideração as diferenças específicas entre homens e mulheres, ignora a realidade em que vivem as mulheres brasileiras das regiões urbanas e do campo. 
O fato é que enquanto o nosso país não ousar a desenvolver políticas que enfrentem a violência contra as mulheres, infelizmente, seremos obrigados a conviver com a dura realidade de um Brasil que, segundo estudos realizados pela Organização das Nações Unidas (ONU), é o 5º país que mata mais mulheres no mundo.
Os dados de institutos de pesquisa e de organizações internacionais comprovam o resultado do estudo da ONU. Segundo dados da Fundação Perseu Abramo de 2010, a cada 2 minutos cinco (5) mulheres são espancadas. Dados do 9º Anuário da Segurança Pública de 2015 mostram que ocorre um (1) estupro a cada 11 minutos. Já o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) fez um estudo em 2013 comprovando que a cada 90 minutos ocorre um (1) feminicídio no Brasil. 
É assustador o resultado do Balanço do Ligue 180 da Central de Atendimento à Mulher, de janeiro a junho de 2015, onde comprova que 179 mulheres foram agredidas por dia. O Mapa da Violência de 2015 da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) comprova que ocorreram 13 homicídios femininos por dia no Brasil, em 2013.
Lamentavelmente, as mulheres brasileiras além de sofrerem com as perdas de direitos trabalhistas, sociais e políticos - já que a participação da mulher nos espaços de poder é mínima -, sofrem as contradições de um país que tem enormes dificuldades de desenvolver políticas específicas para barrar a violência doméstica, sexual e o feminicídio. 
É fundamental, portanto, que os trabalhadores e toda a população brasileira se somem as lutas das mulheres em nosso país. Esse é um processo que se faz necessário, pois, o que está em jogo são os direitos e a vida dessas companheiras e essa é uma questão que diz respeito a toda sociedade brasileira.

Chiquinho Pereira – Presidente do Sindicato dos Padeiros de São Paulo e Secretário de Organização e Políticas Sindicais da UGT Nacional
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