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O GOVERNO BOLSONARO IGNORA A DURA REALIDADE DOS TRABALHADORES E DO POVO BRASILEIRO
 
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Há mais de três meses no poder, o presidente Jair Bolsonaro não apresentou até esse momento qualquer proposta para resolver as questões cruciais que atingem diretamente o dia a dia da população brasileira. Ao contrário, numa clara demonstração de que o seu governo veio para atender os interesses do capital internacional e dos bancos, Bolsonaro propõe medidas que, além de prejudicar ainda mais a vida dos brasileiros, destroem a pouca esperança da construção de um futuro melhor para a nação e o povo.
 
Em crise há vários anos, a política econômica proposta pelo ministro Paulo Guedes não aponta saídas e pior, aprofunda o desemprego, empaca a produção industrial, prejudica a agricultura familiar e, mais recentemente, começa a dar indicações que irá prejudicar o agronegócio.
 
Ou seja, até agora os únicos que estão levando vantagens com esse governo são os bancos e todo o setor financeiro que continuam lucrando com os juros altos e com as políticas entreguistas de Bolsonaro e sua equipe. O desemprego que atinge milhões de pessoas no Brasil parece não ser uma preocupação e muito menos sensibiliza esse governo. O emprego informal é incentivado todos os dias pelo Bolsonaro que faz questão de dizer o quanto os empresários brasileiros são vítimas dos trabalhadores, pois eles têm muitos direitos e que seu governo irá implantar a carteira de trabalho “Verde-Amarela”, acabando com direitos como o vale refeição, vale transporte, férias remuneradas, 13º Salário, entre tantas outras conquistas históricas.
 
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Para o governo Bolsonaro o trabalhador deve escolher em ter emprego ou direitos, os dois não serão possíveis, pois segundo o presidente eleito, que se aposentou aos 33 anos, a mão de obra do nosso país é muito cara e isso está prejudicando e assustando os empresários. Portanto, a saída é flexibilizar direitos e fechar os olhos para o trabalho análogo à escravidão, o qual está em voga por aqui.
 
Porém, outras questões fundamentais à vida humana como saúde, educação e segurança pública também estão sendo relegadas pelo governo Bolsonaro. Para a educação, sua equipe ministerial só tem conseguido arrumar confusão quando propõe uma educação básica baseada nos ensinamentos bíblicos, ou seja, uma educação guiada por Deus, além de propor que as crianças sejam educadas em casa, acabando com a educação infantil. Fora isso, faz couro com a tal proposta da “Escola sem Partido”, que na verdade significa implantar uma educação acrítica, voltada a formar verdadeiros “carneirinhos”, relegando o pensamento crítico, a história como ciência e a própria ciência como fator do desenvolvimento das relações humanas. Para a saúde pública nada de novo esse governo apresenta, a não ser continuar o processo de desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS), acabando com o “Programa Mais Médicos”, quando retira todos os médicos cubanos e não coloca nenhum para substituição, deixando milhões de brasileiros em todo país sem qualquer atendimento básico, ocasionando o fechamento de várias Unidades Básicas de Saúde, intensificando as filas nos hospitais públicos e a morte de centenas de pessoas por falta do atendimento à saúde.
 
A falta de segurança pública e o aumento da violência tem elevado o medo das pessoas de saírem de casa ou de se divertirem com suas famílias. E a única saída que o governo encontrou para solucionar o problema foi implantar a lei que facilita a compra de armas pela população, atendendo os interesses das empresas fabricantes de armas. As consequências serão nefastas e só irá aumentar a violência, principalmente contra as mulheres, jovens e crianças que ficarão expostas à política do ódio que se estabeleceu no país. Infelizmente, o que estamos presenciando nesses meses de governo Bolsonaro são propostas de Leis, Medidas Provisórias e Projetos Ministeriais que facilitam a vida das elites e do capital, prejudicando a grande massa de trabalhadores e do povo, em uma clara demonstração de que o país será moldado e preparado para atender os interesses dessa gente. Não será um governo que colocará o Estado a serviço dos interesses da população pobre, dos trabalhadores e muito menos dos menos favorecidos. Lamentavelmente, o Estado Brasileiro está sendo moldado para servir aos interesses dos empresários e dos patrões. Os trabalhadores e o povo que procurem se virar para sobreviver. Esse é pelo menos até agora, o desenho do governo de Jair Bolsonaro, o qual, além de não acabar com a corrupção como prometeu durante a sua campanha eleitoral, só tem contribuído para aumentar a insegurança, o desemprego e a falta de perspectiva da construção de uma nação desenvolvida, sustentável, democrática e soberana.
 
Chiquinho Pereira
Presidente do Sindicato dos Padeiros de São Paulo,
Secretário de Organização e Políticas Sindicais da UGT Nacional e
Presidente da FEBRAPAN