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POBREZA EXTREMA: QUEM SÃO OS “NOVOS MISERÁVEIS” DO BRASIL?

Por Suely Torres

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Apesar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nunca ter contabilizado a população em situação de rua do país, dados isolados de organizações e estudos aplicados mostram o alarmante aumento do número de moradores de rua, inclusive de famílias inteiras, nos centros das grandes cidades brasileiras.

A última estimativa nacional é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que projetou 101.854 pessoas a partir de dados do Censo do Sistema Único de Assistência Social de 2015. No entanto, segundo o Movimento Nacional da População em Situação de Rua, esse número é três vezes maior.

Apesar da ausência de dados coletados pelo IBGE, é visível o crescimento dessa população e o surgimento de famílias inteiras morando embaixo de viadutos ou das marquises das metrópoles como São Paulo.

Segundo levantamento realizado pela Prefeitura de São Paulo, cerca de 1.500 famílias estão vivendo embaixo de viadutos e pontes na cidade. Muitos desses moradores estão nessas ocupações irregulares há anos, no entanto, a chegada dos novos “vizinhos” tem chamado à atenção até para quem apenas passa diariamente por esses locais.

A maioria dessas pessoas foi obrigada a morar nas ruas por perder o emprego e não ter conseguido se inserir novamente no mercado de trabalho. São pessoas que desistiram de procurar emprego e perderam a perspectiva de ter um trabalho. São os “novos miseráveis”, a nova classe social que diante do descaso dos governos e das ofensivas do capital, surge com força e vai se consolidando por todo país.

SEM EMPREGO, FAMÍLIAS SÃO OBRIGADAS A MORAR NAS RUAS!

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Os dados levantados pelos órgãos de Assistências Sociais nos Municípios sempre apontaram como causa principal que leva uma pessoa a morar na rua a questão das desavenças familiares (uso excessivo de drogas seguido de violência - álcool, cocaína, crack -, pais que expulsam os filhos de casa por não aceitarem sua sexualidade, ou pelo abandono dos parentes porque a pessoa sofre de doença mental, entre outras. Hoje, o fator desemprego já é considerado a principal questão que leva a pessoa e até famílias inteiras a optarem por morar nas ruas, pois não têm dinheiro para pagar o aluguel.

Os dados da Síntese dos Indicadores Sociais de 2018, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), identificaram que cerca de 27 milhões de pessoas (13% da população) estão submetidas às piores condições de vida. Entre os brasileiros que vivem na linha da pobreza extrema, mas no entanto ainda tem um teto para morar, apenas 40,4% dos domicílios possui acesso simultâneo aos serviços de saneamento básico (abastecimento de água, rede de esgoto e coleta de lixo).

OS RISCOS DE CRIAR OS FILHOS MORANDO NAS RUAS

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Mais de 70% dos moradores de rua sobrevivem do emprego informal: reciclagem, venda de todo tipo de produtos de maneira irregular (comida, vestuários, cigarros, bijuterias, etc.) e outros que até trabalham em estabelecimentos como bares e mercadinhos, mas não têm carteira assinada que chegam a ganhar menos de um salário mínimo, sem quaisquer direitos trabalhistas.

Nessa situação de risco, os pais são obrigados a enfrentar todo tipo de desafio para evitar que os perigos das ruas atinjam os seus filhos: as brigas, os tiroteios, o uso de drogas, a higiene dos ambientes em que moram, as dificuldades de realizar a higiene pessoal, principalmente dos bebês e das crianças e pior: o medo de perder os filhos por estarem sendo criados em situação de risco.

Muitas famílias são obrigadas a se separarem durante a noite, pois os poucos abrigos que existem nunca têm espaço para abrigar todos os membros, ficando com a prioridade a mãe e os filhos menores. Ao pai e aos filhos mais velhos, cabem ficar na “casa” (o espaço que ocupam embaixo dos viadutos, pontes ou marquises), para proteger a guarda dos poucos pertences que ainda possuem.

Muitas dessas famílias fazem o maior esforço para garantir a sobrevivência dos filhos com um pouco de dignidade. Porém, infelizmente, existem outras que exploras seus filhos de forma bárbara como, por exemplo, obrigando as meninas adolescentes a se restituírem ou obrigam os meninos a servirem como “aviãozinho” para o tráfico de drogas.

Outro desafio para os pais e seus filhos é a questão da saúde. A exposição constante aos agentes climáticos como o frio, calor, chuva e o sol, as péssimas condições alimentares e as drásticas condições dos ambientes em que vivem, provocados pela impossibilidade de acesso a água, banheiro, coleta de lixo, por exemplo, ampliam, em escala inimagináveis, a exposição dessas pessoas, em particular as crianças, a doenças como sarampo, tuberculose, diarreias, dengue, pneumonia, hepatite, entre outras mais graves.