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SEM SAÚDE, MORADIA E DESEMPREGADOS, MILHÕES DE BRASILEIROS VIVEM NA MAIS ABSOLUTA MISÉRIA!

O Banco Mundial considera extrema pobreza quando uma pessoa vive com apenas um (1) dólar americano por dia e considera a condição de pobreza moderada, quando a pessoa vive com um (1) a dois (2) dólares americanos por dia.

Porém, outros indicadores sociais também são considerados para definir a condição de pobreza como, por exemplo, a carência de bens e serviços essenciais para a vida como alimentação, vestuário, cuidados com a saúde, moradia, acesso a educação, etc. A pobreza absoluta ou extrema consiste no estado das pessoas que não possuem requisitos básicos para sobreviver e, como consequência, muitos indivíduos contraem doenças ou morrem devido à fome ou às péssimas condições sanitárias, por exemplo.

No final do ano passado, dados do Cadastro Único do Ministério da Cidadania mostraram que o número dos extremamente pobres, aqueles que vivem com menos de R$ 140,00 por mês, saltou, entre 2016 e 2017, de 6,6% para 7,4% dos brasileiros, conduzindo 15,2 milhões de pessoas à extrema pobreza ou à absoluta miséria. Se consideradas as famílias que vivem com menos de R$ 406,00 por mês, o número sobe para 55,4 milhões.

DESIGUALDADE E MISÉRIA

Um estudo publicado em junho deste ano, pelo Instituto Brasileiro de Economia, ligado à Fundação Getúlio Vargas, mostra que nos últimos três (3) anos o desemprego demoliu os ganhos dos mais pobres e ampliou a desigualdade no mercado de trabalho. De lá para cá, a renda dos 10% mais ricos do país cresceu 3,3% e a fatia mais vulnerável da população, constituída em sua maioria por trabalhadores, amarga uma perda acumulada de mais de 20%.

Os dados da Síntese dos Indicadores Sociais de 2018, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), identificaram que cerca de 27 milhões de pessoas (13% da população) estão submetidas às piores condições de vida. Entre os brasileiros que vivem na linha da pobreza extrema, apenas 40,4% dos domicílios possuem acesso simultâneo aos serviços de saneamento básico (abastecimento de água, rede de esgoto e coleta de lixo), em comparação a média nacional que é de 62,1%.

Outros dados apontados pelo IBGE se referem as péssimas condições de moradia: ausência de banheiro de uso exclusivo dos moradores; paredes externas construídas com materiais não duráveis; número de moradores superior ao adequado; gastos excessivos com aluguel (igual ou maior que 30% do rendimento). A condição de ocupação ou inadequação domiciliar foi a que atingiu o maior número de pessoas: 12,2 milhões, ou 5,9% da população do país.

O IBGE ainda revelou outros dados que demonstram o quanto permanece desigual a distribuição de renda no Brasil. Na média nacional, os mais ricos chegam a receber 17,6 vezes mais que os mais pobres. Na divisão por capitais, essa diferença chega a 34,3 vezes (marca registrada por Salvador). Segundo o IBGE, o rendimento médio mensal (incluindo, além da renda proveniente do trabalho, os rendimentos de aposentadoria, pensão, aluguel, programas sociais, etc.) em 2017 foi de R$ 6.629 para a parcela que representa os 10% dos brasileiros mais ricos. Já entre a parcela dos 40% mais pobres, o rendimento médio foi de apenas R$ 376. O Brasil é de fato o país das desigualdades!

DESEMPREGADOS, MILHARES SÃO FORÇADOS A MORAR NAS RUAS!

Passada a expectativa de que a economia do país cresceria com a vitória de Jair Bolsonaro, economistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central (BC) projetam um Produto Interno Bruto (PIB) de 0,87% no ano, já a meta para a inflação caiu de 3,65% para 3,59%. Esse é um cenário devastador para os mais de 13 milhões de desempregados, que somados aos que estão subempregados e os que desistiram de procurar emprego chegam a 28,4 milhões de pessoas, ou seja, um (1) em cada 10 brasileiros economicamente ativos está sem trabalho.

Nos últimos anos é visível o aumento de pessoas morando nas ruas das grandes e médias cidades, em todas as regiões do país. Em São Paulo, maior cidade do país, pela primeira vez, a gestão municipal constatou que o desemprego se tornou a razão mais apontada pelos entrevistados para estar nas ruas. Antes, a principal causa eram os conflitos familiares.

Segundo dados dos assistentes sociais da prefeitura de São Paulo, o número de indivíduos em situação de rua cresceu 66% e, segundo esses dados, ao longo do ano passado mais de 105 mil pessoas ganharam as ruas, onde mais de mil são crianças. Em entrevista publicada na Carta Capital, o padre Júlio Lancelotti, que há mais de três décadas defende os direitos da população de rua, disse que o desemprego desestrutura as famílias, que não conseguem se manter unidas. “Há um aumento muito grande de jovens de 18 até 25 anos” que, sem comida para todos na família, a rua vira opção.

Esse é o retrato do Brasil de hoje. O mais grave é que no atual cenário não tem qualquer aspecto que aponte alteração no quadro econômico ou político do Brasil. É preciso que os trabalhadores e o povo entendam que será necessário entrar nessa luta, e exigir do governo que acabe com a estagnação da economia, que aposte no investimento estrutural do país, que promova o desenvolvimento nacional, pois, essas são as únicas alternativas para acabar com o desemprego e a miséria no país.

Não será fazendo Reformas na estrutura do Estado, as quais, até agora, só têm servido aos interesses do capital internacional e as grandes empresas. Até agora, Bolsonaro só tem governado para os ricos. Para ele, os trabalhadores, os sindicatos, as organizações sociais, a população pobre, os índios, negros, mulheres e os grupos de LGBT são entraves no seu governo. E, com certeza, precisamos lutar para acabar com esse abuso, com a miséria, a fome e o desemprego, antes que tudo isso acabe com o nosso país!

Chiquinho Pereira

Presidente do Sindicato dos Padeiros de São Paulo, da FEBRAPAN e Secretário de Organização, Formação e Políticas Sindicais da UGT – Nacional